Luís Paulo Leopoldo Mercado
Universidade
Federal de Alagoas - Brasil
lpm@fapeal.br
1 - Introdução
O reconhecimento de uma sociedade
cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da conscientização da necessidade
de incluir nos currículos escolares as habilidades e competências para lidar
com as novas tecnologias. No contexto de uma sociedade do conhecimento, a
educação exige uma abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode
ser ignorado.
As novas tecnologias e o aumento
exponencial da informação levam a uma nova organização de trabalho, em que se
faz necessário: a imprescindível especialização dos saberes; a colaboração
transdisciplinar e interdisciplinar; o fácil acesso à informação e a consideração
do conhecimento como um valor precioso, de utilidade na vida econômica.
Diante disso, um novo paradigma
está surgindo na educação e o papel do professor, frente às novas tecnologias,
será diferente. Com as novas tecnologias pode-se desenvolver um conjunto de
atividades com interesse didático-pedagógico, como: intercâmbios de dados
científicos e culturais de diversa natureza; produção de texto em língua
estrangeira; elaboração de jornais inter-escolas, permitindo desenvolvimento de
ambientes de aprendizagem centrados na atividade dos alunos, na importância da
interação social e no desenvolvimento de um espírito de colaboração e de
autonomia nos alunos.
O professor, neste contexto de
mudança, precisa saber orientar os educandos sobre onde colher informação, como
tratá-la e como utilizá-la. Esse educador será o encaminhador da autopromoção e
o conselheiro da aprendizagem dos alunos, ora estimulando o trabalho
individual, ora apoiando o trabalho de grupos reunidos por área de interesses.
A qualidade da educação,
geralmente centradas nas inovações curriculares e didáticas, não pode se
colocar à margem dos recursos disponíveis para levar adiante as reformas e
inovações em matéria educativa, nem das formas de gestão que possibilitam sua
implantação. A incorporação das novas tecnologias como conteúdos básicos comuns
é um elemento que pode contribuir para uma maior vinculação entre os contextos
de ensino e as culturas que se desenvolvem fora do âmbito escolar.
Frente a esta situação, as
instituições educacionais enfrentam o desafio não apenas de incorporar as novas
tecnologias como conteúdos do ensino, mas também reconhecer e partir das
concepções que as crianças têm sobre estas tecnologias para elaborar,
desenvolver e avaliar práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento de
uma disposição reflexiva sobre os conhecimentos e os usos tecnológicos.
A
sociedade atual passa por profundas mudanças caracterizadas por uma profunda
valorização da informação. Na chamada Sociedade da Informação, processos de
aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque e passam a exigir um
profissional crítico, criativo, com capacidade de pensar, de aprender a
aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo. Cabe a
educação formar esse profissional e para isso, esta não se sustenta apenas na
instrução que o professor passa ao aluno, mas na construção do conhecimento
pelo aluno e no desenvolvimento de novas competências, como: capacidade de
inovar, criar o novo a partir do conhecido, adaptabilidade ao novo, criatividade,
autonomia, comunicação. É função da escola, hoje, preparar os alunos para
pensar, resolver problemas e responder rapidamente às mudanças contínuas.
2 - Novas
Tecnologias e novas formas de aprender
Com as Novas Tecnologias da Informação abrem-se novas
possibilidades à educação, exigindo uma nova postura do educador. Com a
utilização de redes telemáticas na educação, pode-se obter
informações nas fontes, como centros de pesquisa, Universidades, Bibliotecas,
permitindo trabalhos em parceria com diferentes escolas; conexão com alunos e
professores a qualquer hora e local, favorecendo o desenvolvimento de trabalhos
com troca de informações entre escolas, estados e países, através de cartas,
contos, permitindo que o professor trabalhe melhor o desenvolvimento do
conhecimento.
O acesso
às redes de computadores interconectadas à distância permitem que a
aprendizagem ocorra freqüentemente no espaço virtual, que precisa ser inserido
às práticas pedagógicas. A escola é um espaço privilegiado de interação social,
mas este deve interligar-se e integrar-se aos demais espaços de conhecimento
hoje existentes e incorporar os recursos tecnológicos e a comunicação via
redes, permitindo fazer as pontes entre conhecimentos se tornando um novo
elemento de cooperação e transformação. A forma de produzir, armazenar e
disseminar a informação está mudando; o enorme volume de fontes de pesquisas
são abertos aos alunos pela Internet, bibliotecas digitais em substituição às
publicações impressas e os cursos à distância, por videoconferências ou pela
Internet.
A
formação de professores para essa nova realidade tem sido crítica e não tem
sido privilegiada de maneira efetiva pelas políticas públicas em educação nem
pelas Universidades. As soluções propostas inserem-se, principalmente, em
programas de formação de nível de pós-graduação ou, como programas de
qualificação de recursos humanos. O perfil do profissional de ensino é
orientado para uma determinada “especialização”, mesmo por que, o tempo
necessário para essa apropriação não o permite. Como resultado, evidencia-se a
fragilidade das ações e da formação, refletidas também através dos interesses
econômicos e políticos. (Costa e Xexéo,1997).
O objetivo de introduzir novas
tecnologias na escola é para fazer coisas novas e pedagogicamente importantes
que não se pode realizar de outras maneiras. O aprendiz, utilizando
metodologias adequadas, poderá utilizar estas tecnologias na integração de
matérias estanques. A escola passa a ser um lugar mais interessante que
prepararia o aluno para o seu futuro. A aprendizagem centra-se nas diferenças
individuais e na capacitação do aluno para torná-lo um usuário independente da
informação, capaz de usar vários tipos de fontes de informação e meios de
comunicação eletrônica.
Às escolas cabe a introdução das
novas tecnologias de comunicação e
conduzir o processo de mudança da atuação do professor, que é o principal ator
destas mudanças, capacitar o aluno a buscar corretamente a informação em fontes
de diversos tipos. É necessário também, conscientizar toda a sociedade escolar,
especialmente os alunos, da importância da tecnologia para o desenvolvimento
social e cultural.O salto de qualidade utilizando novas tecnologias poderá se dar na forma de trabalhar o currículo e através da ação do professor, além de incentivar a utilização de novas tecnologias de ensino, estimulando pesquisas interdisciplinares adaptadas à realidade brasileira. As mais avançadas tecnologias poderão ser empregadas para criar, experimentar e avaliar produtos educacionais, cujo alvo é avançar um novo paradigma na Educação, adequado à sociedade de informação para redimensionar os valores humanos, aprofundar as habilidades de pensamento e tornar o trabalho entre mestre e alunos mais participativo e motivante.
A integração do trabalho com as novas tecnologias no currículo, como ferramentas, exige uma reflexão sistemática acerca de seus objetivos, de suas técnicas, dos conteúdos escolhidos, das grandes habilidades e seus pré‑requisitos, enfim, ao próprio significado da Educação.
Com as novas tecnologias, novas formas de aprender, novas competências são exigidas, novas formas de se realizar o trabalho pedagógico são necessárias e fundamentalmente, é necessário formar continuamente o novo professor para atuar neste ambiente telemático, em que a tecnologia serve como mediador do processo ensino-aprendizagem.
3 - Perfil do professor e exigências de formação
Existem dificuldades, através dos
meios convencionais, para se preparar professores para usar adequadamente as
novas tecnologias. É preciso formá-los do mesmo modo que se espera que eles
atuem.
As tentativas para incluir o
estudo das novas tecnologias nos currículos dos cursos de formação de
professores esbarram nas dificuldades com o investimento exigido para a
aquisição de equipamentos, e na falta de professores capazes de superar
preconceitos e práticas que rejeitam a tecnologia mantendo uma formação em que
predomina a reprodução de modelos substituíveis por outros mais adequados à
problemática educacional.Os professores são profissionais que tem uma função re(criadora) sistemática, sendo esta a única forma de proceder quando se tem alunos e contextos de ensino com características tão diversificadas, como sucede em todos os níveis de ensino. A função do professor é a criação e recriação sistemática, que tem em conta o contexto em que se desenvolve a sua atividade e a população-alvo desta atividade.
É preciso estimular a pesquisa e colocar-se a caminho com o aluno e estar aberto à riqueza da exploração, da descoberta de que o professor, também pode aprender com o aluno. na formação do professor, este, durante e ao final do processo, precisa incorporar na sua metodologia:
·
·
conhecimento das novas tecnologias e da maneira de aplicá-las;
·
·
estímulo à pesquisa como base de construção do conteúdo a ser veiculado
através do computador, saber pesquisar e transmitir o gosto pela investigação a
alunos de todos os níveis;
·
·
capacidade de provocar hipóteses e deduções que possam servir de base à
construção e compreensão de conceitos;
·
·
habilidade de permitir que o aluno justifique as hipóteses que construiu
e as discuta;
·
·
especialidade de conduzir a análise grupal a níveis satisfatórios de
conclusão do grupo a partir de posições diferentes ou encaminhamentos
diferentes do problema;
·
·
a capacidade de divulgar os resultados da análise individual e grupal de
tal forma que cada situação suscite novos problemas interessantes à pesquisa;
A sociedade do conhecimento exige
um novo perfil de educador, ou seja, alguém:
Comprometido - com as
transformações sociais e políticas; com o projeto político-pedagógico assumido
com e pela escola;
Competente - evidenciando uma sólida cultura
geral que lhe possibilite uma prática interdisciplinar e contextualizada,
dominando novas tecnologias educacionais. Um profissional reflexivo, crítico,
competente no âmbito da sua própria disciplina, capacitado para exercer a
docência e realizar atividades de investigação;
Crítico - que revele, através da sua
postura suas convicções, os seus valores, a sua epistemologia e a sua utopia,
fruto de uma formação permanente; seja um intelectual que desenvolve uma
atividade docente crítica, comprometida com a idéia do potencial do papel dos
estudantes na transformação e melhoria da sociedade em que se encontram
inseridos;
Aberto à mudanças - ao novo,
ao diálogo, à ação cooperativa; que contribua para que o conhecimento das aulas
seja relevante para à vida teórica e prática dos estudantes;
Exigente - que promova um ensino exigente,
realizando intervenções pertinentes, desestabilizando, e desafiando os alunos
para que desencadeie a sua ação reequilibradora; que ajude os alunos a
avançarem de forma autônoma em seus processos de estudos, e interpretarem
criticamente o conhecimento e a sociedade de seu tempo;
Interativo - que
concorra para a autonomia intelectual e moral dos seus alunos trocando
conhecimentos com profissionais da própria área e com os alunos, no ambiente
escolar, construindo e produzindo conhecimento em equipe, promovendo a educação
integral, de qualidade, possibilitando ao aluno
desenvolver-se em todas as dimensões: cognitiva, afetiva, social, moral,
física, estética.
A
formação de professores sinaliza para uma organização curricular inovadora que,
ao ultrapassar a forma tradicional de organização curricular, estabelece novas
relações entre a teoria e a prática. Oferece condições para a emergência do
trabalho coletivo e interdisciplinar e possibilite a aquisição de uma
competência técnica e política que permita ao educador se situar criticamente
no novo espaço tecnológico.
Ao
professor cabe o papel de estar engajado no processo, consciente não só das
reais capacidades da tecnologia, do seu potencial e de suas limitações para que
possa selecionar qual é a melhor utilização a ser explorada num determinado
conteúdo, contribuíndo para a melhoria do processo ensino-aprendizagem, por
meio de uma renovação da prática pedagógica do professor e da transformação do
aluno em sujeito ativo na construção do seu conhecimento, levando-os, através
da apropriação desta nova linguagem a inserirem-se na contemporaneidade.
O
processo de preparação dos professores, atualmente, consiste em cursos ou
treinamentos com pequena duração, para exploração de determinados programas,
cabendo ao professor o desenvolvimento de atividades com essa nova ferramenta
junto aos alunos, sem que tenha oportunidade de analisar as dificuldades e
potencialidades de seu uso na prática pedagógica.
Estas mudanças exigem uma
profunda alteração curricular, em que os conteúdos acumulados pela humanidade
serão os objetos do conhecimento, mas os novos problemas e os projetos para
suas soluções comporão os procedimentos e atividades que serão avaliados pelas
escolas para constatar sua eficácia. Para inovações novos instrumentos e
utensílios serão necessários, entre eles as estradas da comunicação como a
Internet e a capacitação docente para o domínio das novas tecnologias.
Formar professores, neste
contexto, exige:
·
·
mudanças na forma de conceber o trabalho docente, flexibilização dos
currículos nas escolas e as responsabilidades da escola no processo de formação
do cidadão;
·
·
socialização do acesso à informação e produção de conhecimento para
todos;
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·
mudança de concepção do ato de ensinar em relação com os novos modos de
conceber o processo de aprender e de acessar e adquirir conhecimento;
·
·
mudança nos modelos/marcos interpretativos de aprendizagem, passando do
modelo educacional predominante instrucionista, isto é, que o ensino se
constrói a partir da aplicação do conhecimento teórico formulado a partir das
ciências humanas e sociais que dariam fundamentos para a educação;
·
·
construção de uma nova configuração educacional que integre novos
espaços de conhecimentos em uma proposta de inovação da escola , na qual o
conhecimento não está centrado no professor e nem no espaço físico e no tempo
escolar, mas visto como processo permanente de transição, progressivamente construído,
conforme os novos paradigmas;
·
·
desenvolvimento dos processos interativos que ocorrem no ambiente
telemático, sob a perspectiva do trabalho cooperativo.
Para Frigotto (1996), um desafio
a enfrentar hoje na formação do educador é a questão da formação teórica e
epistemológica. E esta tarefa não pode ser delegada à sociedade em geral. O locus adequado e específico de seu
desenvolvimento é a escola (Schon, 1992; Nóvoa, 1991, 1992) e Universidade,
onde se articulam as práticas de formação-ação na perspectiva de formação
continuada e da formação inicial.
O professor, na nova sociedade,
revê de modo crítico seu papel de parceiro, interlocutor, orientador do
educando na busca de suas aprendizagens. Ele e o aprendiz estudam, pesquisam,
debatem, discutem, constróem e chegam a produzir conhecimento, desenvolver
habilidades e atitudes. O espaço aula se torna um ambiente de aprendizagem, com
trabalho coletivo a ser criado, trabalhando com os novos recursos que a
tecnologia oferece, na organização, flexibilização dos conteúdos, na interação
aluno-aluno e aluno-professor e na redefinição de seus objetivos.
As informações que os jovens
obtém através da Internet não são apenas recebidas e guardadas. Elas
representam um ponto de partida e não um
fim em si mesmas. Quando um estudante encontra uma informação na Internet, ele
a coloca no seu contexto, da sua realidade, busca mais informações a respeito,
torna-a um elemento da sua própria formação, sabendo qual a importância daquilo
que aprendeu.
Quando estudantes podem trocar
experiências e conhecimentos com colegas do mundo inteiro, assim como
bibliotecas, centros de pesquisas, universidades, museus, todo um universo de
percepção se abre para eles, a própria perspectiva de mundo e de realidade se
modifica, dando lugar à formação de um conhecimento mais global, menos limitado
às fronteiras nacionais e imediatas. Eles podem construir pontes de
conhecimento e entender outras culturas, outros modos de compreender o
significado das coisas, da realidade.
As
mudanças que vem ocorrendo em todos os campos do saber desloca o modelo de
educação escolarizada, que ocorre numa determinada faixa etária do aluno e num
determinado espaço físico, apoiada na especialização do saber, para uma
educação continuada que dá importância ao sujeito, à reflexão e a aprendizagem
em sua aplicabilidade à vida social, fundamentada em princípios de cidadania e
liberdade.
A
reflexão, como princípio didático, é fundamental em qualquer metodologia,
levando o sujeito a repensar o processo do qual participa dentro da escola como
docente. A formação deve considerar a realidade em que o docente trabalha, suas
ansiedades, suas deficiências e dificuldades encontradas no trabalho, para que
consiga visualizar a tecnologia como uma ajuda e vir, realmente, a utilizar-se
dela de uma forma consistente.
O
processo de formação continuada permite condições para o professor construir
conhecimento sobre as novas tecnologias, entender por que e como integrar estas
na sua prática pedagógica e ser capaz de superar entraves administrativos e
pedagógicos, possibilitando a transição de um sistema fragmentado de ensino
para uma abordagem integradora voltada para a resolução de problemas
específicos do interesse de cada aluno. Deve criar condições para que o
professor saiba recontextualizar o aprendizado e as experiências vividas
durante sua formação para a sua realidade de sala de aula compatibilizando as
necessidades de seus alunos e os objetos pedagógicos que se dispõem a atingir.
Esta
formação propicia condições necessárias para que o professor domine a
tecnologia - um processo que exige profundas mudanças na maneira do adulto
pensar. O objetivo da formação, além da aquisição de metodologias de ensino,
conhecer profundamente o processo de aprendizagem, como ele acontece e como
intervir de maneira efetiva na relação aluno-computador, propiciando ao aluno
condições favoráveis para a construção do conhecimento. A ênfase do curso deve
ser a criação de ambientes educacionais de aprendizagem, nos quais o aluno
executa e vivencia uma determinada experiência, ao invés de receber do
professor o assunto já pronto.
Um curso
de formação em novas tecnologias prevê espaços para o desenvolvimento de
atividades de integração de tecnologias em educação, como trabalhar em grupos
que desenvolvem formas de utilizar as tecnologias com finalidade educacional.
Para essa capacitação:
·
·
professores se apropriam das novas tecnologias como um recurso próprio,
como livros e lápis, e não como uma "caixa preta" imposta
externamente;
·
·
educação permanente é um componente essencial da formação de
professores. Seria útil que existissem centros de apoio em que os professores
pudessem testar programas e receber orientações sobre o uso;
·
·
há considerável necessidade para a cooperação local e interregional,
estimulada através de encontros periódicos e jornais para a troca de
experiências e de programas, estimulados pelo governo ou outras instituições;
·
·
enfatizar atitudes pedagógicas de inovação e interação nas equipes
interdisciplinares;
·
·
uma visão integrada de ciência e tecnologia que busque entender os
processos científicos e a mudança nos paradigmas científicos. Isso é
recomendado de maneira a se colocar a tecnologia educacional na perspectiva de
um esforço científico;
Para esta
inserção social, é fundamental o trabalho em equipe. Trabalhar em equipe e
participar efetivamente de um processo contínuo que tem início na apropriação
da intencionalidade de um projeto, mediante a tomada de consciência dos
objetivos e do sentido da situação; planejamento das ações pelas quais se implementará
o mesmo projeto; dos momentos de avaliação e de reorientações. Esta
participação implica em compartilhar os esforços de descoberta dos caminhos, de
elucidação dos obstáculos, visando-se sempre fazer com que a intencionalidade
global do projeto se explicite claramente, se torne coletiva, enquanto visada
de um grupo que, em volta dela, se constitui solidário.
O
trabalho cooperativo como uma estratégia incentivadora nas relações de trabalho
entre indivíduos, é estimulante e através dele encontra-se um modelo em que a
convivência social e a auto-estima são incrementadas. As ferramentas de apoio
ao trabalho cooperativo utilizando novas tecnologias, são os hipertextos,
correio eletrônico, editores cooperativos de textos e as salas de aula
virtuais.
As mudanças que as tecnologias
favorecem na postura do professor em aula: ajuda os alunos a estabelecerem um
elo de ligação entre os conhecimentos acadêmicos com os adquiridos e
vivenciados, ocorrendo uma troca de idéia e experiências, em que o professor,
em muitos casos, se coloca na posição do aluno, aprendendo com a experiência
deste. Durante as aulas os alunos são levados a pesquisar e estudar
individualmente, bem como a buscar informações e dados novos para serem
trazidos para estudo e debates em aula. Enfatiza-se uma aprendizagem ativa e um
processo de descobertas dirigidas. Incentiva-se a aprendizagem interativa em
pequenos grupos.
As principais diretrizes teóricas
na educação na Sociedade da Informação (Dowbor,1993; Drucker, 1993), permitem
desenvolver vários níveis de competência:
Conhecimento - transformar
a informação em conhecimento - captar a informação relevante, senti-la,
relacioná-la com a vida. Ajudar a estimular o que é relevante na informação, a
transformá-la, a saber integrá-la dentro de um modelo mental/emocional
equilibrado e transformá-la em ação presente ou futura. Aprender a navegar
entre tantas e tão desencontradas informações, entre modelos contraditórios de
conhecimento, de visões de mundo opostas.
Desenvolvimento
pessoal - integração pessoal, trabalhar a identidade
positiva, a autoestima, o valor dos professores. Permitir um professor com
novos e variados papéis, que funcione como planejador e como orientador da
aprendizagem, capaz de se comunicar, criativo, consciente de sua responsabilidade
para contribuir com a transformação da sociedade, e de seus limites como pessoa
e como profissional, em constante aperfeiçoamento, e assume conscientemente seu
auto-aperfeiçoamento. É o professor que usa as próprias experiências para
refletir criticamente sobre sua própria prática docente, e na
ação-reflexão-ação vai promovendo seu próprio desenvolvimento pessoal e
profissional.
Desenvolvimento
cognitivo - os ambientes computacionais quando voltados para a
inteligência e o desenvolvimento cognitivo como processos básicos da
aprendizagem podem constituir-se num desafio à criatividade e invenção. Uma
nova ecologia cognitiva (Lévy,1993) significa uma nova dinâmica na construção
do conhecimento, um novo movimento, novas capacidades de adaptação e de equilíbrio dinâmico nos
processos de construção do conhecimento, um
novo jogo entre sujeito e objeto, um novo enfoque mostrando o enlace e a
interatividade existentes entre as coisas do cérebro e os instrumentos que o
homem utiliza.
Comunicação
- Aprender a manifestar o que o indivíduo é, o que
sente, deseja, captar o que é o outro em todas as suas dimensões. Aprender a
comunicar-se com todas as linguagens - oral, escrita, áudio-video-gráfica - com
todo o ser: corpo, mente, gestos. Desenvolver formas de interação, baseadas na
confiança, na valorização mútua, na interação sensorial-emocional-intelectual
aberta, criativa e organizada. O educador é um comunicador que expressa
capacidade de motivar, de liderar, de coordenar e de adaptar-se aos vários
ritmos dos diversos grupos.
Trabalho interdisciplinar -as redes
de computadores podem oferecer efetivas oportunidades para trabalho
cooperativo, mas problemas estruturais encontrados no contexto escolar para uso
de redes, que incluem acesso, custos telefônicos para ligação on-line, tempo e
equipamento, podem dificultar seu uso, devendo ser buscadas alternativas para
superar esses problemas.
Criticidade
- não basta que os alunos simplesmente se lembrem das
informações: eles precisam ter a habilidade e o desejo de utilizá-las, precisam
saber relacioná-las, sintetizá-las, analisá-las e avaliá-las. Juntos, estes
elementos constituem o pensamento crítico aparecendo em aula quando os alunos
se esforçam para ir além de respostas simples, quando desafiam idéias e
conclusões e procuram unir eventos não relacionados dentro de um entendimento
coerente do mundo. Mas sua aplicação mais importante está fora da sala de aula.
A habilidade de pensar criticamente apresenta pouco valor se não for exercitada
no dia-a-dia das situações da vida real. É aí que as redes telemáticas têm seu
papel, fornecendo o cenário para interessantes aventuras do intelecto. É
preciso que se crie condições para que os participantes desenvolvam visão
crítica frente a utilização das Novas Tecnologias na Educação, e se desenvolva
estudos sobre ambientes computacionais, proporcionando a ação e a reflexão
sobre objetos de conhecimento, favorecendo a aprendizagem a partir de situações
experimentais e conjeturais.
4 -
Conclusão
As novas tecnologias podem ter um
significativo impacto sobre o papel dos professores, pela reciclagem constante
recebida via rede, em termos de conteúdos, métodos e uso da tecnologia,
apoiando um modelo geral de ensino que encara os estudantes como participantes
ativos do processo de aprendizagem e não como receptores passivos de
informações ou conhecimento, incentivando-se os professores a utilizar redes e
começarem a reformular suas aulas e a encorajar seus alunos a participarem de
novas experiências.
Alguns pontos positivos: ao ter
acesso as tecnologias da informação e sua transformação em conhecimento durante
todo o período escolar, os alunos serão posteriormente agentes de mudança no
setor produtivo e de serviços ao influir naturalmente no uso destas. O uso
adequado destas tecnologias estimula a capacidade de desenvolver estratégias de
buscas; critérios de seleção e habilidades de processamento de informação, não
só a programação de atividades. Em relação a comunicação, estimula o
desenvolvimento de habilidades sociais, a capacidade de comunicar efetiva e coerentemente, a qualidade da apresentação
escrita das idéias, permitindo a autonomia e a criatividade.
Os trabalhos de pesquisa podem
ser compartilhados por outros alunos e divulgados instantaneamente em rede para
quem quiser. Alunos e professores encontram inúmeros recursos que facilitam a
tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa e ter materiais
atraentes para apresentação. A possibilidade de que os usuários tenham acesso
às redes de informação de todo o mundo durante todo o período escolar,
independente do lugar geográfico em que estudam, amplia sua visão de mundo, sua
capacidade de comunicar-se com pessoas de outras culturas, idiomas, interesses.
Os projetos exitosos estão
centrando seus esforços no interesse em incorporar as novas tecnologias como
uma ferramenta habitual nas práticas docentes pode conseguir gradualmente
mudanças significativas na qualidade e efetividade de seu trabalho.
A formação de professores em
novas tecnologias permite que cada professor perceba, desde sua própria
realidade, interesses e expectativas, como as tecnologias podem ser útil a ele.
O uso efetivo da tecnologia por parte dos alunos, passa primeiro por uma
assimilação da tecnologia pelos professores. Se quem introduz os computadores
nas escolas, o fazem sem atenção aos professores, o uso que os alunos fazem
deles é de pouca qualidade e utilidade. Além disso, o fato de só colocar
computadores em uma escola raras vezes traz impacto significativo. Para atingir
efeitos positivos, é fundamental considerar uma capacitação intensiva inicial e
um apoio contínuo, começando com os professores, quem a sua vez, poderão
capacitar a seus alunos. É necessário planejar a integração da tecnologia na
cultura da escola, fenômeno de avaliação gradual, que requer apoio externo.
Se espera do professor no século
XXI que ele seja aquele que ajude a tecer a trama do desenvolvimento individual
e coletivo e que saiba manejar os instrumentos que a cultura irá indicar como
representativos dos modos de viver e de pensar civilizados, específicos dos
novos tempos. Para isso, ainda são necessárias muitas pesquisas em novas
tecnologias da informação, modelos cognitivos, interações entre pares,
aprendizagem cooperativa, adequados ao modelo baseado em tecnologia, que
oriente a formação de professores no seu desenvolvimento e ofereça alguns
parâmetros para a tarefa docente nesta perspectiva.
REFERÊNCIAS
DOWBOR, L. O
espaço do conhecimento. In: A
revolução tecnológica e os novos paradigmas da sociedade. Belo Horizonte,
IPSO, 1993.
DRUCKER, P. Sociedade
pós-capitalista. São Paulo, Pioneira, 1993.
FRIGOTTO, G. A
formação e profissionalização do educador frente aos novos desafios. VIII
ENDIPE, Florianópolis, 1996. Pp. 389-406.
LÉVY, P. As
tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio
de Janeiro, ed.34, 1993.
NÓVOA, A. Formação
contínua de professores: realidades e perspectivas. Aveiro, Univ.Aveiro,
1991.
SCHÕN, D. Formar
professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A. (org) Os professores e sua formação. Lisboa,
Dom Quixote, 1992.
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